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7 minutos de leituraRevelando os mistérios da paralisia do sono

Imagine o seguinte cenário: você acorda durante a noite e dá de cara com uma figura demoníaca sobre você! Ruim, não é? Acresça à cena o fato de que você tenta gritar, pedir ajuda e correr porta afora, mas não consegue, porque o seu corpo está completamente paralisado. Terrível, certo?

É essa a narrativa que ouvimos daqueles que sofrem desta parassonia. Geralmente, em um episódio deste distúrbio, sabemos que estamos acordados, no entanto, mais parece que estamos presos em um pesadelo que tardará a acabar. É assim, com percepções falsas da realidade, que entramos em dos distúrbios do sono mais temidos: a paralisia do sono.

Caracterizada por uma parassonia na qual o indivíduo mantém a consciência parcial dos acontecimentos a sua volta, mas é incapaz de se mover e despertar, a paralisia do sono pode ser vivenciada por aproximadamente 8% da população. É sobre este distúrbio do sono que conversaremos no post de hoje.

A paralisia do sono e o ideário cultural

Em 1781, o pintor Henri Fuseli representou a paralisia do sono sob a ótica popularesca em uma obra conhecida como O Pesadelo. Na tela, podemos ver uma espécie de demônio sentado sobre uma mulher em estado de dormência.

A obra de Fuseli conversa com uma outra obra, esta criada por Eugène Thivier, em 1894, e que ganhou o mesmo nome, Le Cauchemar (O Pesadelo). Na escultura, percebemos a mesma imagem da obra de Fuseli, com algumas diferenças não tão essenciais.

O que ambas obras nos comunicam é a crença criada pelo ideário popular de que a paralisia do sono nada mais é do que a visita de um demônio quando adentramos no estado de dormência. Nesse sentido, o demônio se posicionaria sobre o nosso corpo, impossibilitando a nossa mobilidade.

No brasil, a crença de que somos assombrados por um ser estranho e demoníaco ganhou mais expressividade com a lenda da pisadeira, uma narrativa que gira em torno de uma mulher pouco amigável de expressões fantasmagóricas que pisa na barriga das pessoas, impedindo-as de respirar durante o sono.

Esta lenda, assim como as obras, visa explicar algumas experiências que vivemos durante o distúrbio, como a incapacidade de respirar, despertar e reagir às alucinações que temos, criando um certo misticismo por detrás da paralisia do sono.

A paralisia na visão populesca

Só quem já passou por um episódio de paralisia do sono sabe o quão aterrorizante é. Como o que sentimos durante este distúrbio é um pouco atípico, muitas pessoas costumam creditar o evento a causas sobrenaturais.

Quem sofre da paralisia do sono muitas vezes acredita ver e sentir figuras estranhas e malignas dentro de seu quarto, figuras essas que mais parecem ter saído de um filme de terror. E assim, aquela que deveria ser uma boa noite de sono acaba se transformando em um grande e infindável pesadelo.

Hoje, já sabemos que a paralisia do sono dura até 2 minutos, mas é o suficiente para traumatizar muitas pessoas. Como esta paralisia está ligada a etapa do sono na qual sonhamos, é muito comum que a vítima passe por uma confusão mental, misturando a realidade com o mundo onírico.

Nesse sentido, é comum que durante o distúrbio algumas alucinações auditivas, olfativas e táteis sejam criadas. Não à toa, durante o evento, as vítimas têm a sensação de ouvir passos e vozes estranhas, além da percepção de serem tocadas.

Outra experiência atrelada a este distúrbio diz respeito à alucinação visual muito comum em grande parte dos casos, tão certo que não raro ouvimos os relatos de pessoas que visualizaram a presença de uma criatura estranha sentada aos pés da cama ou em cima das vítimas, as enforcando.

Paralisia do sono pela ótica científica

Na contramão das explicações folclóricas, artísticas e populares, temos a ciência desvelando a paralisia do sono como uma parassonia, na qual se cria uma paralisia temporária do corpo mediante o estado de dormência.

Se você acompanha as publicações do nosso blog, já deve ter aprendido que o nosso sono se divide em duas grandes fases: NREM e REM. A fase NREM é responsável pela consolidação de nossa memória e pela revitalização de nossas operações mentais, subdividindo-se em N1, N2 e N3.

Já na fase REM temos os sonhos. Aqui, a nossa atividade mental é tão rica que muito se assemelha às operações que fazemos em estado de vigília. Por essa razão, os nossos movimentos corporais são “paralisados” pelo nosso cérebro para não incorrermos no risco de nos machucarmos, externalizando na realidade efetiva o que está sendo narrado em nossos sonhos.

É na fase REM que temos as condições propícias para entrar em parassonias como a paralisia do sono. Sendo assim, o cérebro acaba por despertar, enquanto continuamos imóveis, o que pode causar bastante desconforto e desespero.

Mas, afinal, no que consiste a paralisia do sono?

Considerada um distúrbio do sono, a paralisia do sono é caracterizada pelo despertar mental durante o estado REM, em consonância com paralisia motora. Nesse sentido, o indivíduo que sofre desta parassonia tende a despertar, enquanto o seu corpo não responde aos estímulos mentais.

Este processo não apenas pode ser desconfortável, dada a situação atípica, mas também assustador, uma vez que o quadro de paralisia do sono pode ocorrer conjuntamente com episódios de alucinações.

O interessante deste distúrbio é que, uma vez centralizado na fase REM, tende a ser encarado muitas vezes como um mero sonho, sendo dissociado da realidade. Não à toa, muitas pessoas nem sequer possuem consciência de que sofrem da paralisia do sono.

Principais causas da paralisia do sono

Existem algumas causas que condicionam os quadros de paralisia do sono, ligadas tanto a distúrbios quanto a ausência de bons hábitos. Vejamos algumas:

Narcolepsia

A narcolepsia está atrelada à sonolência excessiva durante o dia, mesmo que o indivíduo tenha dormido o mínimo de horas requerido para uma boa noite de sono (7-9). Este transtorno propicia os quadros de paralisia do sono bem como as alucinações.

Insônia

Outro distúrbio do sono que corrobora para os episódios de paralisia do sono é a insônia caracterizada pela dificuldade de começar, manter ou finalizar o estado de dormência. Quadros de insônia são condicionados comumente por picos de estresse e ansiedade, que também são causas diretas da paralisia corporal durante o sono.

Mudanças bruscas de rotina

Quando mudamos subitamente de hábitos é muito comum que o nosso organismo não responda de forma saudável, devido a ausência de uma tempo de adaptação. A verdade é que mudanças de horários e constância de algumas atividades podem prejudicar a nossa noite de sono, levando a inúmeros distúrbios, inclusive à paralisia do sono.

Uso de drogas

O uso de drogas não só contribui para mudanças em nossa rotina de sono, mas, sobretudo, em nossas operações psicofísicas. Nesse sentido, o consumo de drogas cria solos férteis para a construção de percepções falsas como as alucinações, sintoma atrelado aos episódios de paralisia do sono.

Cuidados a se tomar: evite a paralisia do sono!

A melhor coisa a se fazer para evitar de forma orgânica a paralisia do sono é usar a higienização do sono. Veja algumas técnicas a seguir:

  • Adote horários para dormir e acordar. Quando você mantém uma rotina regular de horários, acaba por aumentar a qualidade do ciclo do sono, evitando assim enfrentar distúrbios noite afora.
  • Mantenha-se longe de equipamentos eletrônicos, uma vez que aparelhos celulares e computadores acabam por inibir o sono, mantendo-o em estado de alerta.
  • Alimente-se de forma apropriada com uma dieta rica em alimentos leves, sem propriedades energizantes, ao menos três horas antes da hora de dormir.
  • Medite sempre que possível poucos minutos antes do horário de dormir para induzir o estado de sonolência, estimulando a regularização dos batimentos cardíacos e compassando a respiração. Assim, você acaba relaxando e criando um momento de quietude, diminuindo as chances de sofrer um episódio de parassonia.

Para mais conteúdo como esse, não deixe de acompanhar semanalmente as postagens em aqui no blog F.A. Colchões. Fique sempre por dentro de dicas especiais para garantir a qualidade e saúde de seu sono.

Até mais.

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