5 minutos de leituraFreud e o sonho: a representação do desejo inconsciente
Muito temos falado sobre o sono por aqui. Já trouxemos alguns conteúdos sobre a higienização do sono, melhor posição para dormir e até sobre a melhor posição da cama, segundo o Feng Shui. Mas, há algo que ainda se faz um grande mistério para muitos de nós: os sonhos.
Sabemos que os sonhos acontecem na fase do sono REM, uma etapa em que as nossas operações cerebrais estão em constante atividade e que o estado de vigília sai de cena para dar entrada ao estado do onírico.
Dos sonhos, o que muitos sabem é a sua falta de lógica há espreita do non sense. Afinal, nos parece que, no estado em que nossos olhos estão em constante movimento, as imagens mentais são aglutinadas de uma forma tal que nada, aparentemente nada, faz tanto sentido assim.
Entender os nossos sonhos pode até parecer uma tarefa um tanto quanto difícil. Mas, se voltarmos os olhos para a psicanálise, descobriremos um mundo repleto de significados, principalmente se considerarmos o que o grande Freud nos tem a dizer.
Sendo assim, no post de hoje te convidamos a desvendar os sonhos a partir de uma perspectiva psicanalítica, entendendo por que sonhamos, segundo o pai da psicanálise. Confira!
Desvendando os sonhos com Freud
O marco inicial da psicanálise está concentrado na obra A interpretação dos sonhos de Freud. Já de início é importante que entendamos que os sonhos tratados na obra são os sonhos sonhados, aqueles que temos quando dormimos. Outro fator a se considerar é, como o próprio título nos sugere, todos os tipos de sonhos são, para Freud, interpretáveis.
Pois bem, o psicanalista entende o sonho como a representação disfarçada de um desejo inconsciente. Quando dormimos, somos levados a sair de um mundo onde decorrem diversos estímulos externos para adentrarmos em um mundo onírico, no qual a nossa consciência está adormecida.
Nesse mesmo momento, há uma separação entre o inconsciente e o pré-consciente devido ao relaxamento da defesa que os divide. O relaxamento da defesa que fazemos contra o desejo inconsciente faz com que algumas imagens passem por essa barreira e criem o nosso sonho como o conhecemos.
O ponto é que provavelmente você já tenha despertado e tenha ficado com alguns resquícios de lembranças do que sonhou na noite passada e, mesmo que tente a muito custo lembrar de tudo, algo acabou escapando.
Isso acontece porque o que permanece em nossa lembrança do que sonhamos não é o sonho propriamente dito, segundo Freud, mas alguns resquícios da experiência sonhada que será resgatada, ordenada, significada e comunicada pelo EU.
E aqui talvez esteja o grande ápice da teoria dos sonhos freudiana. O sujeito que comunica o que sonhou é o mesmo sujeito que tenta de diversas formas recalcar o seu desejo, que por um escape é representado nos sonhos.
Conteúdo manifesto e conteúdo latente: os 4 mecanismos do sonho
O que mais nos interessa saber é do que estamos tentando nos defender, não acha? Aquilo que o pensador chamará de passagem do conteúdo manifesto: o trabalho do sono. Para Freud, há 4 mecanismos do sonho passíveis de interpretação, vejamos cada um deles.
- Condensação: resumos sobre os sonhos que trazem por conteúdo os nossos desejos recalcados e que necessitam de decifração. Em uma representação podem ser condensadas diversas representações.
- Deslocamento: afastamento do objeto real para a focalização emocional a um objeto secundário e irrelevante. Aqui, o detalhe pode ser justamente o ponto principal e passa a ser tomado como insignificante, porque a defesa contra o desejo já atuou.
- Dramatização: mecanismo em que a imaginação desbanca a razão para apresentar o que experienciamos durante o dia em imagens diferentes. Nesse sentido, aquilo que foi ouvido pode ser representado em imagem.
- Simbolização: mecanismo em que a imagem criada em sonho em verdade serve para representar um outro objeto que está escondido, mas que de alguma forma fez ou faz parte da vida do sujeito.
Freud ainda compara os sonhos com uma espécie de rebus, um tipo de jogo em que letras e figuras se misturam para serem decifradas em uma palavra ou frase. Isso significa ainda dizer que não há uma simbologia universal dos sonhos, mesmo que a experiência seja universal, a interpretação é singular a cada indivíduo, atrelada à construção das associações que levaram à produção do sonho em questão.
Afinal, como os sonhos são formados?
Os sonhos, segundo o pai da psicanálise, são formados a partir dos restos diurnos, ou seja, fatos, pensamentos, experiências recentes que estão articuladas com o desejo inconsciente. Então, como vimos, um desejo inconsciente atravessa a barreira psíquica e se liga a memórias recentes, criando assim uma representação que será entendida como a distorção de um desejo.
Mediante a análise, podemos decompor todas as representações associativas e condensadas para se chegar aos múltiplos sentidos do sonho. E aqui vale uma ressalva, um sonho não tem apenas um único significado, mas vários, a depender, inclusive, da época em que foi relatado.
Gostou de saber um pouco mais sobre Freud e os sonhos? Esperamos que agora esse objeto misterioso tenha ficado um pouco mais claro para você. Se gostou do post, navegue pelo nosso blog e confira mais curiosidades sobre o sono e sua arquitetura.
Até mais!